Please Unsubscribe, Thanks! - Resenha crítica - Julio Vincent Gambuto
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Please Unsubscribe, Thanks! - resenha crítica

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Sociedade & Política

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Please Unsubscribe, Thanks!: How to Take Back Our Time, Attention, and Purpose in a World Designed to Bury Us in Bullshit

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-1-57826-293-9

Editora: Avid Reader Press

Resenha crítica

Em Please Unsubscribe, Thanks!, o autor conta sobre a angustiante experiência, como foi para tantos de nós, durante o período pandêmico da covid-19 (momento que ele vai apelidar de "circo"). Antes do vírus dominar as ruas de Manhattan, onde morava, Julio tinha certeza de que havia vencido. Filho de imigrantes pobres que sempre tiveram dinheiro contado e mais de dois empregos para conseguir sustentar a casa, foi por meio de apoio do governo que o ítalo-americano entrou em um dos maiores símbolos da alta classe estadunidense: a Universidade Harvard. Alguns anos depois, com sua produtora de filmes independentes e várias milhas em seu cartão de crédito, graças às suas viagens pelo país, ele deveria estar feliz, certo? O que seria a sua vida ocupada e agenda cheia se não o sucesso que ele sempre buscou?

Entretanto, durante o circo, o cineasta foi se perguntando com cada vez mais frequência: será que as coisas estão do jeito que deveriam ser? E não estavam, como ele foi descobrindo aos poucos. Deprimido, com sua conta bancária cada vez mais vazia, parecia que Julio estava voltando às suas origens humildes, perdendo o maior de seus orgulhos: a ascensão social. Um dia, acordou e foi fazer aquilo que parecia normal em meio a tempos tão anormais - ele foi checar a sua caixa de e-mail. Na caixa lotada, havia mensagens urgentes: "liquidação", "garanta seu novo casaco com até 30% de desconto". Como se estivesse acordando, ele decidiu se descadastrar. Não apenas da lista de e-mails dessa marca, mas de tudo que não fazia sentido. O consumo desenfreado, os horários abusivos de trabalho, os cansaços e pouco tempo com família e amigos, as vidas perfeitas dos influencers. Não foi um trabalho fácil, e até hoje ele ainda precisa se descadastrar de uma coisa ou outra, mas admite que sua vida já parece muito melhor.

A vida implacável

Apesar de sua vivência como estadunidense, Julio entende que está falando com todos no planeta. Fomos levados a acreditar que poderíamos trabalhar até o topo, melhorar nossas condições financeiras e sociais, e a dos nossos pais, e que estar sempre ocupado é bom. É normal estar cansado do trabalho todos os dias, se alimentar mal por falta de tempo, ver milhares de pessoas perecendo em meio à uma pandemia global. Só que isso não é, nem um pouco, normal.

Descadastrar-se quer dizer também olhar a realidade e enxergá-la de fato. Será que com tantas pessoas abaixo da linha da pobreza deveríamos estar preocupados com o mais novo modelo de assistente virtual do mercado? Falando em mercado, será que tantas marcas de ovos orgânicos, de galinhas criadas livres sem ração custando 15 dólares a duzia é realmente normal?

O loop infinito

Chegamos na metade deste microbook, e, ao fazer um retrospecto da história estadunidense, o escritor se pergunta onde as coisas começaram a ficar estranhas. Seu avô migrou da Itália para os Estados Unidos com pouco mais de mil liras italianas, e ele, com certeza, não queria um Apple Watch. Pessoas migraram para os Estados Unidos em busca não de coisas, mas de desejos: um emprego capaz de sustentar sua família, um futuro melhor para seus filhos. A satisfação dessas pessoas não vinha de coisas ou por meio do consumo, mas de significações como família. 

Consumo é a palavra-chave aqui. A partir da Segunda Guerra Mundial as coisas parecem ir tomando o rumo no qual estamos tão imersos hoje. "Ter" se tornou sinônimo de "ser". Ficamos presos em um círculo vicioso: Precisamos comprar, mas, para isso, temos que ter mais dinheiro, portanto, trabalhar mais, e comprar coisas ainda mais caras, o que envolve ainda mais dinheiro e assim se repete ao infinito. Precisamos de tantas coisas assim? Esse novo consumismo é muito mais agressivo do que jamais foi, afinal, agora temos máquinas e algoritmos que fazem questão de trazer seus produtos até nós.

As marcas se tornaram coisas extremamente poderosas. O jacaré da Lacoste e o golfista da Polo significam mais do que simples etiquetas. Agora, todo um estilo de vida poderia ser adquirido, se você escolhesse pelas marcas certas. Julio nos conta que começou a associar o símbolo da Polo a tudo que as famílias mais ricas do seu colégio possuíam e ele não: um novo Mercedes na garagem, a piscina aquecida, as férias para esquiar. Entretanto, esse não é um livro ingênuo no qual o escritor prega algum tipo de mundo sem marcas e todos vestem túnicas cinzentas. O que Julio prega são conversas honestas, principalmente com as nossas crianças. Marcas são apenas marcas, e você não precisa se tornar escravo delas.

O problema das pessoas 

Estamos cada vez mais confusos quanto ao papel social de cada uma das partes de nossa vida. Colegas de trabalho são vendidos para nós como família, permitindo que várias barreiras possam ser ultrapassadas em nome do bem-estar familiar (que não existe). Um processo parecido se fez com as marcas. Elas não são apenas "coisas", mas sim família e amigos. Principalmente nesse mundo de influencers no qual estamos hoje.

Julio nos diz que qualquer relacionamento social que temos em nossas vidas foi algo que nos cadastramos para ter. Podemos não lembrar quando exatamente, ou quais os termos dessa inscrição, mas, em algum momento, nós escolhemos isso. Parecemos ter esquecido, mas tão facilmente quanto nos "inscrevemos" nessas relações, podemos sair.

As redes sociais nos dão uma impressão de falsa proximidade com pessoas que encontramos uma única vez na vida, nos torna obcecados pela vida dos outros. Quantas vezes você mesmo ou algum amigo não disse que se sentia próximo de um influencer? Quanto de nossa energia não estamos deixando em relacionamentos inexistentes ou que damos muito mais importância e crédito do que deveríamos? Ao mesmo tempo que nos esforçamos por esses relacionamentos de rede social, não temos mais energia para conhecer pessoas ou manter nossos amigos mais antigos. 

Como derrotar toda essa bobagem

Para selecionar tudo que iria se descadastrar, Julio utilizou um método simples, mas que, na correria do dia a dia, pode ser tão subestimado. Ele simplesmente abriu mão de tudo que não o fazia feliz. Fossem relacionamentos desgastados, newsletters, contratos de trabalho, eles teriam que acabar. Como primeira medida, ele avisou, ironicamente, por meio das redes sociais, que estava entrando em um detox digital. Seu comentário sobre isso foi "finalmente tudo ficou quieto".

Não pense que o autor é uma espécie de guru ou monge budista. De acordo com ele, foi um período angustiante. Estando no meio do período de circo, seu pequeno apartamento em Nova Iorque ficou ainda menor e ainda mais vazio. Ele estava, de fato, sozinho. Apesar de dar dicas para o leitor se desconectar de todo o resto, ele entende que alguns passos possam ser mais difíceis para algumas pessoas. E está tudo bem. Faça o que fizer sentido para você.

Tenha cuidado com o "sim". De certa forma, fomos criados para agradar. Algumas pessoas mais do que outras, com certeza, mas quantas vezes não concordamos com algo sabendo que, no fundo, não partilhamos a mesma opinião? Seja uma reunião, um passeio, não diga sim a nada que lhe deixe sem tempo e sem espaço pessoal. Cuide de si mesmo antes de olhar para os outros.

Pare e reflita sobre todas as inscrições que você possui, seus relacionamentos e suas newsletters. De acordo com o autor, existem três níveis de cadastro que uma pessoa pode ter em sua vida. Na superfície, temos as mais óbvias, as que percebemos primeiro. São as inscrições literais que fizemos em tantas lojas virtuais para receber seus catálogos e avisos. No meio, temos as pessoas com as quais convivemos e os diversos relacionamentos que fomos construindo durante nossa vida. Por último, o mais complicado de perceber e, portanto, de se distanciar, aquilo que guardamos tão dentro de nós que nem percebemos como algo que foi, de certa maneira, imposto.

Não se preocupe se você se sentir desconfortável durante esse processo: ele é, de fato, extremamente desconfortável. Você vai sentir, e talvez esteja de fato fazendo isso, como se quebrasse todas as promessas que fez, consciente ou inconscientemente. Mas saiba que sim, vai melhorar em algum momento.

Notas finais

Apesar de parecer doloroso, o processo que Julio nos indica nada mais é do que uma reavaliação de sua vida. Tente se distanciar dos seus relacionamentos, valores, e pense: Será que essas coisas fazem sentido para você? Adicionam coisas positivas na sua vida? 

Pense no que lhe faria falta, e se segure nessas coisas. Gaste sua energia e tempo nutrindo-as. Quando se tem as prioridades bem definidas, é fácil saber onde devemos permanecer.

Dica 12min

Não é fácil se desinscrever de tantas coisas ao nosso redor, o autor já deixou isso claro. Para continuar no tema do desapego, recomendamos o microbook "Esteja aqui", escrito por sua santidade o Dalai Lama. Nele, você aprenderá a se desvencilhar dos objetos materiais e, até mesmo, de metas e desejos que antes pareciam tão importantes. Bem aqui, no 12min.

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Quem escreveu o livro?

Cineasta, escritor e produtor estadunidense, Gambuto é conhecido por seu trabalho no cinema e na televisão. Ele vem se destacando por seus a... (Leia mais)

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